SOCIEDADE PORTUGUESA DE OVINOTECNIA E CAPRINOTECNIA
Recursos Genéticos -  Ovinos
Churra Algarvia - História
O ovino churro algarvio está implantado nesta região há mais de um século e pode considerar-se mesmo uma raça autóctone, com características muito semelhantes ao churro espanhol que se cria na província de Huelva do tipo Lebrijano ou Marismeño e que, segundo uma publicação da Extenção Agrária Espanhola, está disseminada ao longo da faixa litoral entre Cádiz e o cabo de S.Vicente.

O ovino churro algarvio distingue-se pela sua elevada corpulência, é uma animal de temperamento vivo, resistente e capaz de fazer grandes caminhadas, de fácil maneio e que se adapta muito bem ás explorações agrícolas em que é criado. Foi devido a estas qualidades que conseguiu sensibilizar os criadores algarvios , implantando-se em toda a região. É uma das raças nacionais com menor efectivo, estimado em cerca de 25 000 animais
 
 

DISTRIBUIÇÃO DO EFECTIVO

O Algarve tem três zonas distintas: o Litoral, o Barrocal e a Serra. É nas duas primeiras que se encontram as explorações de ovinos numa área que cai do concelho de Vila do Bispo ao de Tavira.

A distribuição dos efectivos apresenta algumas diferenças de concelho para concelho, tanto no número de explorações como no número de animais que compõem o rebanho.

De acordo com o dados por nós obtidos, o número médio de cabeças por rebanho é de 87 ovinos, sendo os concelhos de Silves, Loulé e Albufeira aqueles que apresentam mais e maiores efectivos. Verificando-se também que o maior número de criadores tem rebanhos com 20 a 80 cabeças, sendo no entanto nos escalões superiores, dos 80 a 140 e dos 140 a 300, que se situa o maior efectivo regional e que corresponde a 41 % das explorações
 

SISTEMA DE CRIAÇÃO E MANEIO ALIMENTAR

Esta raça existe há bastantes anos e está perfeitamente adaptada, os criadores conhecem-na bem, pois muitas das explorações são quase tão antigas como a própria raça, pois têm passado de geração em geração.

No entanto as técnicas de criação e exploração enfermam de algumas deficiências na medida em que a maioria dos criadores não tem terra própria, sendo os animais mantidos em terras arrendadas ou cedidas, o que condiciona bastante o sistema de maneio e exploração, sendo nestas condições pequeno o número de ciadores que cultiva pastagens ou forragens para os animais, pois só o fazem os que são proprietários ou têm propriedades arrendadas.

O ovino churro algarvio é criado praticamente em pastagens naturais e com sub-produtos da exploração agrícola. São animais que aproveitam muito bem a pastagem, bem como os frutos e folhas das mais variadas plantas.

O sistema de apacentação está de certo modo condicionado à maior ou menor disponibilidade forrageira de acordo com a época do ano.

Uma grande parte dos criadores dá suplementos aos seus animais no Inverno e durante a fase da lactação, utilizando os mais variados alimentos, na maior parte dos casos utilizam a palha e fenos de cereais, favas, etc, e alguns concentrados.
 

TIPO DE EXPLORAÇÃO

Como já referimos, a maioria dos criadores não possui terra própria, acontecendo muitas vezes que a mesma área é apascentada por diferentes rebanhos e como nem sempre cumprem com as medidas sanitárias, isto leva a que se transmitam algumas epidemias entre rebanhos, algumas delas perfeitamente evitáveis se, para tanto, fosse seguido um esquema de profilaxia e saneamento.

Todas estas questões passam necessariamente pela aceitação ou não pelos proprietários de poder pôr em práticas as medidas indicadas, não por mera formalidade mas sim porque tenham compreendido e sentido as vantagens e os inconvenientes das mesmas.

Se analisarmos um pouco quem são os criadores de ovinos, a sua faixa etária, as suas habilitações literárias, é possível compreender melhor as razões sdua pouca receptividade e intransigência em relação à introdução de inovações.

 Num trabalho por nós realizado e que apresentamos na XXIII reunião reunião da Sociedade Portuguesa de Pastagens e Forragens, fizemos referênciaa estes aspectos analisando os elementos obtidos num inquérito efectuado a algumas explorações de ovinos. Verificou-se então que 53.2 % dos proprietários têm mais de 55 anos sendo mais ou menos a mesma percentagem em relação aos pastores (gráficos I eII). No que se refere às habilitações literárias verifica-se que 58 % dos proprietários não sabe ler nem escrever, e no caso dos pastores o valor correspondente é de 75 %.

Perante estes dados, talvez seja possível compreender melhor o que referimos anteriormente e concluir quanto seria útil o desenvovimento de acções de esclarecimento e formação de forma a poder ultrapassar as deficiências.

 Se juntarmos a estes pontos o esquema de comercialização, constatar-se-á que é talvez esta a principal via de disseminação das doenças, na medida em que se tem observado a permuta constante de animais  entre criadores, sucedendo muitas vezes a serem seduzidos a comprar animais aparentemente bem conformados e com muito bom desenvolvimento, postos à venda a preços tentadores, mas que em muitos casos enfermam de grandes males. Os casos mais frequentes são de brucelose e infestações parasitárias internas e externas.

Estes são alguns dos aspectos que em nossa opinião condicionam a ovinicultura e o bem estar animal, havendo no entanto muitas mais situações que merecem ser analisadas para que se possa perspectivar o futuro da ovelha churra algarvia.


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Sociedade Portuguesa de Ovinotecnia e Caprinotecnia